VICENTINHO DESAFIA PROCURADOR A APRESENTAR PROVAS

EM DISCURSO DO PLENÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, VICENTINHO AFIRMA QUE A IMPRENSA JÁ CONDENOU SEM JULGAMENTO E O PROGURADOR GURGEL JULGA SEM PROVAS

Sras. e Srs. Deputados, nossos telespectadores, eu quero falar sobre o chamado “mensalão”, atéporque vivi aqui os duros golpes e dramas que o Parlamento viveu, que meu partido viveu em 2005, no momento em que ocorreu toda aquela tragédia política estimulada e valorizada, inclusive, pela grande mídia.
Eu sou daqueles, Sr. Presidente, assim como V.Exa. também e o meu partido também, que não aceita que nenhum Parlamentar, nenhum ser público ou privado adote política que desabone sua postura. Nós não aceitamos corrupção. Nós não queremos, nós não partilhamos, nós não aceitamos posturas que firam a nossa ideologia e, portanto, nós sempre queremos, seja em uma CPI, seja no tribunal, seja na Comissão de Ética, seja em qual for o julgamento, que venha a verdade, absolutamente a verdade, a verdade verdadeira, mesmo que isso doa em pessoas próximas a nós, mesmo que atinja a nossa família. Então, o que nós queremos, em primeiro lugar, éisto: a verdade.
Entretanto, o que está ocorrendo neste instante com esse julgamento do mensalão? Primeiro, a grande mídia, lembrando que os jornais têm donos, e os donos dos jornais não são operários e nem são do PT, sempre foi contra o Presidente Lula. Por exemplo, a revista Veja fez 55 capas contra o Presidente Lula, revista Veja que está sob suspeita — e muito sob muita suspeita — no caso da CPI do Cachoeira. Na minha opinião, o dono da revista teria que ser convocado por essa CPI. Então a mídia jácondenou os envolvidos, os denunciados, sem julgamento.
Segundo, o Procurador Geral. Eu não consigo entender como esse Procurador Geral, tendo casos como o caso do Cachoeira, cheio de provas, com prova cabal, documental, com gravação, com quebra de sigilo bancário, como ele ficou 5 anos em cima do processo. Prevaricação? Que história é essa? Dois pesos e duas medidas?
E, agora, esse Procurador, no caso do mensalão, sem provas, pois não tem um telefonema, não tem um documento, não tem uma prova, já pede a condenação dos denunciados?

Então, se a mídia condenou sem julgamento e agora pede a condenação sem provas, o que é que está por trás disso?
Goebbels, que era o grande comunicador alemão no período de Hitler, defendeu e mostrou na tese que ele praticava que a mentira, sendo repetida várias vezes, transforma-se em verdade. E há quantos anos se vem batendo nesta tecla, mas não se mostra uma prova, não se mostra um depoimento, a não ser uma entrada num elevador que, de maneira ilegal e irresponsável, a Veja filmou entrando nos aposentos do companheiro José Dirceu?
Na verdade, o que existe é um grande espetáculo neste momento. Um espetáculo que vai acima da apuração da verdade, um espetáculo que vai acima daquilo que podíamos chamar de um julgamento sereno e cuidadoso.
E é por isso que a nossa expectativa é de que o Supremo Tribunal Federal, através dos 11 senhores e senhoras que cuidam das decisões e dos destinos do Brasil, tome as decisões baseadas na verdade e em provas concretas. Se houver provas concretas, pode ser meu irmão, pode ser meu filho, tem que ser condenado, tem que ser punido. Mas o que está por trás de tudo não é isso, é um grande jogo político. E não é à toa que esse julgamento está sendo programado exatamente no período das eleições. Por que se esperou 5 anos para colocar esse julgamento no período das eleições?
E impressionante, meu caro e querido Presidente, é que lá na base, lá no povo, onde temos conversado, este efeito não está acontecendo. O nosso partido vai ser vitorioso em todo o Brasil. E se no passado a esperança venceu o medo por causa do terrorismo daquele período, se no passado mais recente a esperança venceu a mídia, também no período de muitas mentiras e muitas jogadas, agora a esperança superarátodos os ataques malditos, porque o que está por trás de tudo é que muita gente não engole o Lula Presidente da República. A nossa elite preconceituosa não aceitou que o Lula fosse Presidente da República e não aceita, nunca, que o Lula tenha sido considerado o melhor Presidente da história deste Brasil.

O que está por trás éque a elite conservadora deste País não aceita uma jovem que foi torturada pelo Estado Brasileiro, porque defendeu a democracia, e agora seja Presidenta deste mesmo Estado Brasileiro. E que tenha atuado com a decência e com a dignidade de uma grande chefe de Estado, orgulho para as mulheres e para os homens.
Do mesmo jeito que, dentro do nosso País, a nossa elite não aceita o Governo do Presidente Lula nem da Dilma, lá fora tem muita gente interessada em que o nosso Brasil não seja uma grande e generosa potência no âmbito internacional.
Por essa razão, de novo reafirmando a verdade, nada mais que a verdade: cadeia para quem comete crime com provas concretas. Mas não é isso que está ocorrendo. Então, ponho sob dúvida a postura desse procurador, que age muito mais baseado no ódio ideológico, no rancor, na ressaca de não aceitar o Brasil caminhar como está fazendo.
Por esse motivo, espero, Sr. Presidente, que efetivamente, no chamado mensalão, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal, os juízes se baseiem pura e simplesmente na verdade comprovada, e de novo reafirmo que silenciaremos diante de qualquer comprovação.
O que não é aceitável, e faço questão de repetir, é que o Procurador-Geral prevaricou, ficou cinco anos com um processo carregado de provas, como é o caso Cachoeira, comdocumentos fartos, telefonemas gravados, contas quebradas e por que foi que nada fez? E por que agora condena sem provas? O que nós queremos é exatamente isso.
Claro, erros podem ter acontecido. Claro, casos com o do Silvinho, companheiro que estava com uma Land Rover que ganhou de presente não sei de quem, são casos comprovados. Alguns já foram punidos, já pagaram até pena.
Mas não se pode transformar o Supremo Tribunal Federal num lugar que dá o pior dos exemplos em termos de avaliação e julgamento. E a responsabilidade do Supremo é muito grande, porque, depois dele, só Deus, não tem mais para quem recorrer.

Por isso, pedimos, cada vez mais, que haja equilíbrio, não se deixem levar pelo que é dito nos grandes meios de comunicação, detentores do poder, pelos empresários, que não têm o mesmo interesse que muitos têm de transformar este País e decidem com base no equilíbrio, na justiça e na visão republicana.
Queremos a verdade! Se disserem a verdade e houver comprovação, seremos os primeiros a condenar. Mas não podemos aceitar que haja julgamento de acordo com a vontade de um procurador sob suspeita ou de uma mídia que infelizmente, em sua grande parte, tem interesse contrário ao do povo brasileiro.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Couto) – Obrigado, Deputado Vicentinho.

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