DIA MUNDIAL DE COMBATE À SECA E DESERTIFICAÇÃO

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em São Bernardo realizamos o 10º Encontro dos Acarienses – acarienses, é claro, gente que veio de Acari, como eu, no Seridó do Rio Grande do Norte, terra onde fui menino desde os 3 meses até os 20 anos de idade. E nós realizamos com os acarienses esse encontro todos os anos para matar saudade. Antes, era um encontro somente dos acarienses que moravam no Estado de São Paulo, na Capital, grande São Paulo e no interior. Mas o encontro ficou tão importante, que até as pessoas de Acari do Rio de Janeiro e de Minas Gerais se fazem presentes.
Foi um encontro de que participaram aproximadamente 150 pessoas. Contamos com a presença, inclusive, do Prefeito de Acari, Isaias Cabral, que, numa viagem longa, veio até esse encontro, e também do Prefeito de São Bernardo, anfitrião, Luiz Marinho, meu companheiro, que acolheu essa comunidade que se reuniu no Clube de Campo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Eu quero agradecer à Diretoria do Sindicato por ceder esse espaço e à comissão que organizou esse evento; ao nosso companheiro, Adriano, que foi um dos principais, mas também ao Tenente-Coronel Paulo Chaves, que é um acariense, como também à Geias, filha de seu Bastos Soldado, à Ana Luiza, ao seu Milton, à Alana, à equipe que organizou esse evento.
Além da confraternização, além de matar saudades, aconteceram momentos importantes. Por exemplo, o nosso amigo Dede Bezerra, que foi meu convidado para esse encontro, veio de Acari, patrocinou o encontro. Emocionado, descobriu que o sobrinho de uma esposa dele fazia 25 anos que não falava com a mãe por um conflito interno. E houve aquele encontro por telefone, um choro emocionado.
Agora, mais do que isso, o encontro foi importante, foi bom, vamos realizá-lo a cada ano, se Deus quiser, e também aproveitamos para discutir a realidade do nosso Seridó, a realidade do Nordeste: essa seca, com a qual hoje o nosso povo tanto tem sofrido, apesar de algumas chuvas ocorridas recentemente. Mas não são chuvas que possibilitam plantar e sustentar a plantação. 
Constatei uma diferença entre a seca que eu vivi, com 14 anos, em 1970, quando fui obrigado a parar de estudar para, junto com meu irmão, trabalhar na fabricação de açudes, na produção de estradas de rodagens, fazendo piquetes para os açudes nos sítios, enfim. Naquele tempo, era comum ver pessoas passando fome. Acompanhei o Presidente Lula, na Caravana da Cidadania, quando assistimos a uma miséria tão grande. Vimos seres humanos comendo folhas de cactos, palma, xique-xique, frutas que muitas vezes nem os animais comem. A novidade é que, apesar do sofrimento, apesar do gado morrendo, o que é muito triste, seres humanos não estão passando por esse drama.
A maldade foi muito grande quando se criou, de maneira orquestrada, a notícia de que o programa Bolsa Família acabaria.
A seca no Nordeste é problema pelo qual todos sofremos e com o qual convivemos; é um problema que tem a ver com a conjuntura natural, é um fenômeno da natureza. Em vez de brigarmos contra a seca, temos que brigar para enfrentar os seus efeitos.
Lamento profundamente que a transposição do Rio São Francisco não tenha ocorrido ainda. E por que não ocorreu até hoje? Por causa das medidas, sobretudo judiciais, e do exagero de determinados segmentos do Ministério Público, que alegam risco de devastação o que poderia gerar outro desastre. Ora, poderia ocorrer desastre maior que a seca? animais morrem e seres humanos passam dificuldades. Então, é preciso repensar. A transposição do Rio São Francisco será uma obra extraordinária. Vai tirar apenas 1% das águas do Velho Chico e distribuir pelo nosso Nordeste para ajudar na irrigação, enchendo os reservatórios de água e dando um pouco mais de alívio ao sofrimento do nosso povo.
Os relatos dos meus conterrâneos que estiveram nessa festa são relatos de muita esperança de que um dia o Brasil tenha condições de fazer esse enfrentamento.
A Europa também tem esse problema – claro que a seca lá é gelada – e com ele aprenderam a conviver. Um dia, o nosso Brasil será tão justo, que a seca do Nordeste continuará, mas o povo, os animais e a vida não serão afetados.
Obrigado, Sr. Presidente.

(FOTO: fperisse.blogspot.com )

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